domingo, 19 de junho de 2011

Carregando a Bateria do Carro

Certo dia o morador do apartamento 1402 me procurou na portaria do prédio, fui até lá para atendê-lo. Ao chegar à portaria, o mesmo me perguntou se eu tinha aquele aparelho utilizado para fazer chupeta de bateria de automóvel, pois ele devia ter deixado algum consumidor de energia ligado e, com isto, a bateria de seu automóvel descarregou.
Prontamente lhe disse que não tinha.
Inconformado com a minha resposta, me perguntou como alguém, atrasado para ir ao seu trabalho,como ele, que tivesse um problema deste, poderia resolver o problema.
Pegando-me de surpresa e sem saber o que dizer, logo me lembrei do que algumas vezes ocorrera com a minha esposa, então lhe disse que quando a minha esposa tinha este tipo de problema, ela chamava a seguradora do veículo e eles enviavam alguém par resolver o problema.
Colocando-me na parede, o morador do apartamento 1402, começou a ficar irritado e me confessou que não tinha seguro e eu não o estava ajudando a resolver o seu problema.
Argumentei que este tipo de problema não era algo que deveria ser resolvido pelo Síndico, então, muito furioso, ele me disse que levaria este problema para a próxima Assembléia e que eu entraria numa fria.
Não sei como ele resolveu o problema, mas de alguma forma, o problema foi resolvido.
Algum tempo depois tivemos a nossa Assembléia e diversos assuntos de interesses gerais foram colocados em discussão. No momento em que se esgotaram as discussões, alfinetei o morador do apartamento 1402, levantando o assunto daquele dia.
Foi uma gozação muito grande para cima dele, teve gente que até se estressou com tal absurdo, o morador do apartamento 1402 ficou muito sem jeito e por fim, disse que naquele dia estava nervoso e preocupado com o seu atraso e, em público, me pediu desculpas pela forma como havia me tratado.
No final, este morador que, até não se identificava comigo, passou a ser mais simpático, até hoje e, nunca mais tivemos quaisquer problemas com nada, mesmo que algo o incomodasse, isto não chegava até a mim, ou melhor, chegava através dos porteiros, que de maneira bem humorada, recebia as suas reclamações e o orientava a me procurar, então ele dizia.

- “Deixa para lá, eu mesmo resolvo...”

domingo, 12 de junho de 2011

Deixe o bem-te-vi em paz

Certo dia o morador do apartamento 752 me procurou, muito nervoso, quase não conseguindo conversar, tremendo e ofegante. Logo imaginei, vem encrenca das boas para se resolver.
Subitamente, este morador me disse que eu deveria demitir o porteiro da manhã.
Questionei o motivo e pedi a ele um pouco de calma, pois resolveríamos os problemas para o bem estar dos condôminos em geral.
O morador me dizia insistentemente que o porteiro da manhã deveria ser demitido e não conseguia dar mais detalhes sobre o motivo da solicitação.
Procurei acalmá-lo, pois se tratava de uma pessoa de meia idade e eu imaginava que algo grave havia ocorrido, mas era necessário eu entender a razão para buscar a melhor solução.
Após um relaxamento da euforia do morador, consegui obter algumas informações.
O morador me disse que o porteiro da manhã era irresponsável e não cumpria com suas obrigações e que várias vezes já havia o alertado (o porteiro da manhã) para o problema grave no condomínio.
Indaguei ao morador sobre qual seria este problema grave e como poderia ajudá-lo, tive como resposta que deveria demitir o porteiro da manhã.
Continuei buscando as causas junto ao morador e este me informou que era impossível dormir até um pouco mais tarde devido ao barulho. Barulho infernal e que o porteiro da manhã não tomava as respectivas providências.
Qual seria o barulho infernal? Eu como síndico não havia sido informado por nenhum outro morador do condomínio, nem mesmo por ele. Tentei argumentar que quaisquer problemas poderiam ter uma melhor solução informando ao síndico o que ocorria e não necessariamente diretamente com os funcionários.
Foi quando o morador, já um pouco mais calmo, conseguiu me dizer do que se tratava o tal barulho infernal.
- Sr. Edson, toda manhã tem um bem-te-vi que fica numa árvore, próxima da minha janela, cantando muito alto, já cansei de pedir para porteiro da manhã para não deixá-lo pousar na árvore, mas o porteiro nem dá bola para a minha solicitação.
Ser síndico não é mole....