Certo dia o morador do apartamento 1402 me procurou na portaria do prédio, fui até lá para atendê-lo. Ao chegar à portaria, o mesmo me perguntou se eu tinha aquele aparelho utilizado para fazer chupeta de bateria de automóvel, pois ele devia ter deixado algum consumidor de energia ligado e, com isto, a bateria de seu automóvel descarregou.
Prontamente lhe disse que não tinha.
Inconformado com a minha resposta, me perguntou como alguém, atrasado para ir ao seu trabalho,como ele, que tivesse um problema deste, poderia resolver o problema.
Pegando-me de surpresa e sem saber o que dizer, logo me lembrei do que algumas vezes ocorrera com a minha esposa, então lhe disse que quando a minha esposa tinha este tipo de problema, ela chamava a seguradora do veículo e eles enviavam alguém par resolver o problema.
Colocando-me na parede, o morador do apartamento 1402, começou a ficar irritado e me confessou que não tinha seguro e eu não o estava ajudando a resolver o seu problema.
Argumentei que este tipo de problema não era algo que deveria ser resolvido pelo Síndico, então, muito furioso, ele me disse que levaria este problema para a próxima Assembléia e que eu entraria numa fria.
Não sei como ele resolveu o problema, mas de alguma forma, o problema foi resolvido.
Algum tempo depois tivemos a nossa Assembléia e diversos assuntos de interesses gerais foram colocados em discussão. No momento em que se esgotaram as discussões, alfinetei o morador do apartamento 1402, levantando o assunto daquele dia.
Foi uma gozação muito grande para cima dele, teve gente que até se estressou com tal absurdo, o morador do apartamento 1402 ficou muito sem jeito e por fim, disse que naquele dia estava nervoso e preocupado com o seu atraso e, em público, me pediu desculpas pela forma como havia me tratado.
No final, este morador que, até não se identificava comigo, passou a ser mais simpático, até hoje e, nunca mais tivemos quaisquer problemas com nada, mesmo que algo o incomodasse, isto não chegava até a mim, ou melhor, chegava através dos porteiros, que de maneira bem humorada, recebia as suas reclamações e o orientava a me procurar, então ele dizia.
- “Deixa para lá, eu mesmo resolvo...”