domingo, 11 de setembro de 2011

O Dia em que Mudei uma Decisão de Assembléia

Certa vez, no condomínio onde mora a minha mãe, cujo o apartamento era meu na época, houve uma Assembléia Extraordinário com o objetivo de se resolver diversos assuntos.

O condomínio tem 194 apartamentos e apenas 12 condôminos compareceram à Assembléia. Como de constume, ninguém se interessava por estas reuniões.

Um dos temas escolhidos para votação, se tratava de um sistema de resolver o problema de uma vaga por apartamento e disponibilizar duas vagas para cada apartamento. Uma vez que muitos condôminos possuiam dois veículos e quando não alugavam as vagas dos que não tinham, deixavam seus veículos na rua, a qual também era muito disputada.

Ao receber a ata da Assembléia, verifiquei que os 12 condôminos que compareceram foram unãnimes em aprovar um sistema do tipo de um elevador, do qual possibilitaria colocar um carro sobre o outro e, à partir de então, todos passariam a ter duas vagas.

Muito interessante este sistema se não fosse por único fator, há dez anos atrás cada condômino iria desembolsar seis parcelas de um mil reais mensais.

Eu, que não havia participado da reunião, naquele momento me dei conta do quão importante era ter participado e também todos so outro 182 condôminos. Tínhamos um cenário desfavorável para a maioria, porém legalmente correto perante a lei, pois a convocação da Assembliéia respeitou tudo que estava previsto para a realização da mesma.

Ao refletir, resolvi pacificamente procurar a síndica e tentar sensibilizá-la do risco da enorme inadimplência que ela teria que administrar e, calmamente, procurei demonstrar à ela que seria mais difícil administrar a inadimplência e possível problemas com a falta de pagamento com o fornecedor, do que atender os 12 condôminos que compareceram à Assembléia.

A síndica, passado alguns dias, resolveu convocar uma nova reunião e minha mãe e eu procuramos demonstrar aos 182 demais condôminos o quanto era importante eles participarem desta nova reuinião.

Chegado o dia da Assembléia, uma presença mássica na reunião fez com que a decisão anterior fosse revogada.

A partir deste momento, entendi o quanto é importante participar das Assembléias e passei a me interessar pelo assunto, lendo tudo que encontrava pela frente e estudando o Código Civil. Tornei-me síndico por algumas gestões, vivi muitas experiências e aprendi o que mais me ajudou na administração de condomínio, muito mais do que conhecer as regras e o Código Civil, APRENDI A LIDAR COM PESSOAS.

Hoje procuro compartilhar de todas as minhas experiências e aprender com as experiências dos colegas.

Meus amigos, ser síndico não é mole....ou é?

Edson Carlos de Oliveira
Consultor, Administrador e Auditor de Condomínio
dr.sindico@consultoriaplanecon.com.br

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Este Problema é do Síndico?

Certa vez, um condômino nervoso me procurou para resolver um problema que ocorria em seu apartamento. Eu não gosto de entrar nos apartamentos dos condôminos, principalmente no papel de Síndico, mas como amigo e vizinho entro sem problemas. Mas foi uma pressão muito forte e que não consegui me safar.

Ao entrar no apartamento, o condômino me levou direto para o seu banheiro e me mostrou que o gesso que que fica entre a parede e o teto estava rachado.

Quando me explicou o porquê da rachadura, de cara já ví que o problema não era do Síndico, mas dele e do condômino que morava no apartamento superior.

O problema: o vizinho de cima, quando usava a hidromassagem da banheira, gerava um tremor em seu banheiro que fazia com que o tal gesso se partisse.

Tentei argumentar para que ele entrasse em contato com o vizinho de cima e, como dois bons vizinhos e civilizados adultos, resolvessem o problema que era deles. Repito, isto não é um problema do Síndico e se, comprasse o problema, então teria que ir até o fim.

Recomendo sempre em minhas Consultorias de Administração de Condomínio, para que os Síndicos não comprem problemas que não são deles, pois uma vez comprado, terá que ir até o final para resolver. Tendo que ir até o final para resolver, terá menos tempo para resolver os problemas que são do Condomínio.

Não é fácil convencer os condôminos que Síndico não é gerente de hotel e que, muitos problemas, devem ser resolvidos entre os moradores e, desta vez não foi diferente, o condômino insistia em uma solução arbitrária do Síndico.

Como não entramos num acordo, peguei o interfone e liguei para o vizinho de cima, ao atender, disse que o condômino que se sentia prejudicado com as rachaduras do seu gesso tinha um problema e que eles estavam aptos para resolver da melhor maneira possível.

Foi quando o condômino desligou o interfone na cara do vizinho de cima e me disse: “não me entregue assim para o vizinho, basta advertí-lo que ele não usará mais a hidromassagem (????). “Bonito”, disse ao condômino, além de ficar “bravinho” com o Síndico, não quer aparecer e encarar o problema, que é dele, de frente.

Mais alguns minutos de conversa e consegui convencê-lo que se ele não resolver os problemas dele, o Síndico tambem não resolverá, pois o Síndico tinha outras ocupações para se preocupar, pensando no bem estar do Condomínio e seguindo o Regulamento Interno.

Saí de cena e acho que os dois se entenderam quanto às suas diferenças.

Na primeira Assembléia após este fato, este assunto veio à tona, no qual os demais condôminos reprovaram a atitude deste colega do gesso e apoiaram o Síndico. Isto fortaleceu ainda mais a vida do Síndico para atuar no foco dos problemas do condomínio.

Meus amigos, ser síndico não é mole....ou é?

sábado, 16 de julho de 2011

Como é Fácil entrar no Condomínio...

Certo dia, a moradora do apartamento x, que mora com o seu filho e sua mãe, chegou pelo portão social com várias pessoas.
A mãe desta moradora requer cuidados especiais, então estas várias pessoas a ajudavam a se locomover. O sempre gentil porteiro abriu o portão para que o grupo de pessoas entrasse, pois todas acompanhavam e ajudavam na locomoção da moradora do apartamento x.
Após a passagem do grupo de pessoa, a portaria voltou ao normal e o silêncio imperava naquela noite.
Passado alguns minutos, o silêncio fora quebrado por um pequeno tumulto envolvendo o filho da moradora e um dos acompanhantes, xingando, brigando e expulsando do condomínio uma terceira pessoa, que apesar da pressão, obediente deixava o condomínio.
O gentil porteiro imaginou, mais um caso de briga entre família. Os dois responsáveis pela expulsão retornaram ao seu apartamento e o silêncio na portaria voltara a imperar.
No outro dia fui surpreendido pela moradora do apartamento x me questionando sobre a segurança do condomínio, me acusando, me ameaçando e tudo mais que um síndico pode sofrer de pressão e, pior, como sempre, sem entender o que estava acontecendo.
Ela me dizia que uma pessoa alcoolizada havia entrado no condomínio e que o porteiro havia deixado. Ainda aos berros dizia: “e se fosse um assaltante”? Mande o porteiro embora.
Calmamente pedi um tempo para averiguar o ocorrido e depois a retornaria e tomaria todas as medidas possíveis para a segurança do condomínio.
Quando fui conversar com o gentil porteiro, comecei a entender o outro lado do cenário, ou seja, o porteiro disse, pararam dois carros, uma pequena aglomeração de pessoas se formou e o cidadão alcoolizado se misturou aos acompanhantes da moradora do apartamento x, não sendo possível identificar se todos a estavam acompanhando. Uma vez que a moradora nada dissera a ele.
Por outro lado, a moradora, também não conhecia o cidadão alcoolizado e pensou ser um morador do condomínio, percebendo que não o era, somente quando entrou em seu apartamento o questionou.
Acho até que o cidadão alcoolizado estava com boas intenções em ajudar alguém com necessidades especiais.
Independente do cenário anormal que vivenciamos, orientei ao porteiro que sempre questionasse aos moradores se todas as pessoas estão os acompanhando para evitar futuras confusões. Tivemos sorte, apesar das broncas que levei.
Meus amigos, ser síndico não é mole....ou é?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Onde Foi Parar os Meus Materiais?

Certo dia fui chamado à portaria, era a senhora do apartamento X. Uma senhora muito simpática, com 88 anos de idade e que mora sozinha.

No passado esta senhora havia feito uma reforma em seu apartamento, onde fora trocado o piso frio. Como sempre sobram algumas peças, estas foram guardadas num local apropriado que todos os moradores têm aqui no prédio.

Este local é um corredor comprido com vários espaços onde, alguns moradores construíram armários com portas e outros simplesmente demarcaram com riscos nas paredes identificando o seu espaço.

Este corredor não tem controle de acessos, câmeras nem nada, quem construiu armários e colocou portas, tem seus objetos protegidos, quem não o fez, não foi e nem é obrigado a fazer, mas o condomínio não tem como garantir que algo fique seguro. Cada proprietário avalia como quer guardar seus objetos.

Por azar, naquele dia, a moradora do apartamento x, com 88 anos de idade, estava muito nervosa, expondo o seu problema. Fiquei assustado, pois antes de entender o que havia acontecido, já fui agredido verbalmente por aquela simpática senhora, na qual ninguém tem coragem de revidar.

Passado alguns palavrões, algumas ofensas contra mim e demais moradores do condomínio, as risadas de longe do meu amigo porteiro e alguns moradores que passaram durante o “barraco”, fui começando a entender.

Por alguma razão, a senhora do apartamento x estava precisando de algumas peças de seu piso e não havia as encontradas no tal corredor. Ela não havia feito o armário.

Nem tentei explicar para ela que aquilo não é um problema do síndico e sim um caso onde era teria que fazer um boletim de ocorrência e, muito menos, que o condomínio não era responsável pela guarda dos objetos naquele local.

A senhora me impôs que eu visitasse apartamento por apartamento e verificasse quem havia se utilizado do piso dela.

Estrategicamente pedi alguns dias para resolver o problema, ela me deixou na portaria e foi para o seu apartamento. O meu amigo porteiro morria de rir (@&$!!!!).

Não sabia o que fazer e apenas me organizei para conversar com a filha dela, que não mora no prédio, para explicar o que ocorrera e encerrar o assunto, eis que o meu amigo porteiro deu um pulo até o corredor e encontrou diversas caixas de piso num canto qualquer.

Alguns dias depois, chamamos a senhora do apartamento x e a levamos até os pisos encontrados e, por sorte, se tratavam dos dela. Ela ficou muito agradecida e me perguntou como eu os havia encontrados. Foi quando tive a oportunidade de dizer que fiz o que ela havia pedido, procurado apartamento por apartamento até encontrá-los, mas não iria dizer o nome do morador, que nem existia, para evitar problemas de relacionamentos. Ela concordou, ficou muito feliz e, sua filha, até hoje me elogia pela postura....(????)

Meus amigos, ser síndico não é mole....ou é?

domingo, 3 de julho de 2011

A sorte a Favor do Síndico

Certo dia, ao chegar no estacionamento do Condomínio, próximo ao elevador, um grupo de pessoas revoltadas vieram em minha direção, o problema? O problema era que em frente ao Condomínio, muitos carros, que não tinha nada a ver o mesmo, ficavam estacionados.
Tem coisas que não vale nem a pena ficar dialogando, as pessoas acham, e pronto!  A realidade é que o Síndico, só tem ações sobre problemas que ocorrem da calçada para dentro do Condomínio. Estacionar carro na rua em frente ao Condomínio, além de não ser proibido, não está na alçada dos Síndicos.
Como sabia que não valia à pena discutir com o grupo, fiquei ouvindo atentamente suas argumentações, que eram sobre as dificuldades de estacionar quando vinham visitas, quando alguém estava com pressa de entrar e sair do Condomínio, quando alguém com dificuldade de locomoção precisava parar em frente ao prédio, e muitas outras.
Como não podia fazer nada e, o grupo, queria uma resposta e, com o clima estressado que havia se tornado, usei umas das táticas que sempre uso como Administrador de Empresas. Ganhar tempo. Então dialoguei calmamente com os “rebeldes” e prometi a eles que iria estudar uma solução, mas precisava de um tempo para resolver.
Na realidade não tinha o que ser resolvido, o que eu tinha que fazer era arrumar um jeito, em outro momento, onde os ânimos estivessem mais serenos, de explicar aos “rebeldes” que a vida é assim mesmo e o Síndico, neste caso, nada pode fazer.
Mesmo assim me informei sobre os tais carros e descobri que se tratava de uma empresa que ficava na mesma rua do Condomínio. Fui até lá conversar com eles e tentar uma negociação, quando fui surpreendido positivamente.
- Entendo o seu problema, mas em algumas semanas estaremos mudando, e tudo isto vai acabar. – Disse o responsável pela empresa.
Passado alguns dias, reuni os “rebeldes” e disse:
- Estou resolvendo o problema, com “mãos-de-ferro”, mesmo sendo legal eles estacionarem ai, eu vou dar um jeito, me dêem um tempo!
Passada algumas semanas, a empresa se mudou e, junto, o “problema” dos carros estacionados em frente ao Condomínio.
Foi muito interessante como, sem fazer nada, passei a ser um modelo de pessoa que resolve problemas, muitos elogios, alguns por escrito no livro de ocorrências, as fofocas dos meus amigos porteiros só me retratavam coisas positivas, etc.
Meus amigos, ser síndico não é mole....ou é?

domingo, 19 de junho de 2011

Carregando a Bateria do Carro

Certo dia o morador do apartamento 1402 me procurou na portaria do prédio, fui até lá para atendê-lo. Ao chegar à portaria, o mesmo me perguntou se eu tinha aquele aparelho utilizado para fazer chupeta de bateria de automóvel, pois ele devia ter deixado algum consumidor de energia ligado e, com isto, a bateria de seu automóvel descarregou.
Prontamente lhe disse que não tinha.
Inconformado com a minha resposta, me perguntou como alguém, atrasado para ir ao seu trabalho,como ele, que tivesse um problema deste, poderia resolver o problema.
Pegando-me de surpresa e sem saber o que dizer, logo me lembrei do que algumas vezes ocorrera com a minha esposa, então lhe disse que quando a minha esposa tinha este tipo de problema, ela chamava a seguradora do veículo e eles enviavam alguém par resolver o problema.
Colocando-me na parede, o morador do apartamento 1402, começou a ficar irritado e me confessou que não tinha seguro e eu não o estava ajudando a resolver o seu problema.
Argumentei que este tipo de problema não era algo que deveria ser resolvido pelo Síndico, então, muito furioso, ele me disse que levaria este problema para a próxima Assembléia e que eu entraria numa fria.
Não sei como ele resolveu o problema, mas de alguma forma, o problema foi resolvido.
Algum tempo depois tivemos a nossa Assembléia e diversos assuntos de interesses gerais foram colocados em discussão. No momento em que se esgotaram as discussões, alfinetei o morador do apartamento 1402, levantando o assunto daquele dia.
Foi uma gozação muito grande para cima dele, teve gente que até se estressou com tal absurdo, o morador do apartamento 1402 ficou muito sem jeito e por fim, disse que naquele dia estava nervoso e preocupado com o seu atraso e, em público, me pediu desculpas pela forma como havia me tratado.
No final, este morador que, até não se identificava comigo, passou a ser mais simpático, até hoje e, nunca mais tivemos quaisquer problemas com nada, mesmo que algo o incomodasse, isto não chegava até a mim, ou melhor, chegava através dos porteiros, que de maneira bem humorada, recebia as suas reclamações e o orientava a me procurar, então ele dizia.

- “Deixa para lá, eu mesmo resolvo...”

domingo, 12 de junho de 2011

Deixe o bem-te-vi em paz

Certo dia o morador do apartamento 752 me procurou, muito nervoso, quase não conseguindo conversar, tremendo e ofegante. Logo imaginei, vem encrenca das boas para se resolver.
Subitamente, este morador me disse que eu deveria demitir o porteiro da manhã.
Questionei o motivo e pedi a ele um pouco de calma, pois resolveríamos os problemas para o bem estar dos condôminos em geral.
O morador me dizia insistentemente que o porteiro da manhã deveria ser demitido e não conseguia dar mais detalhes sobre o motivo da solicitação.
Procurei acalmá-lo, pois se tratava de uma pessoa de meia idade e eu imaginava que algo grave havia ocorrido, mas era necessário eu entender a razão para buscar a melhor solução.
Após um relaxamento da euforia do morador, consegui obter algumas informações.
O morador me disse que o porteiro da manhã era irresponsável e não cumpria com suas obrigações e que várias vezes já havia o alertado (o porteiro da manhã) para o problema grave no condomínio.
Indaguei ao morador sobre qual seria este problema grave e como poderia ajudá-lo, tive como resposta que deveria demitir o porteiro da manhã.
Continuei buscando as causas junto ao morador e este me informou que era impossível dormir até um pouco mais tarde devido ao barulho. Barulho infernal e que o porteiro da manhã não tomava as respectivas providências.
Qual seria o barulho infernal? Eu como síndico não havia sido informado por nenhum outro morador do condomínio, nem mesmo por ele. Tentei argumentar que quaisquer problemas poderiam ter uma melhor solução informando ao síndico o que ocorria e não necessariamente diretamente com os funcionários.
Foi quando o morador, já um pouco mais calmo, conseguiu me dizer do que se tratava o tal barulho infernal.
- Sr. Edson, toda manhã tem um bem-te-vi que fica numa árvore, próxima da minha janela, cantando muito alto, já cansei de pedir para porteiro da manhã para não deixá-lo pousar na árvore, mas o porteiro nem dá bola para a minha solicitação.
Ser síndico não é mole....